Eae, Bora papirar?
Nosso tema de estudo de hoje retrata uma época de muito tempo atrás, mais precisamente, lá em 1870, quando o movimento abolicionista cresceu vertiginosamente no Brasil.
Estamos falando, obviamente, da abolição da escravidão.
É necessário compreendermos que:
- Os abolicionistas – muitas vezes – se posicionavam em seus jornais nas grandes capitais do país, denunciando as mazelas da escravidão para a nação;
- Por vezes, alguns abolicionistas apoiavam rebeliões e fuga de escravos;
- José do Patrocínio e outros militantes abolicionistas fundaram, 1883, a Confederação Abolicionista, unindo diversas associações antiescravistas;
- Os escravos fugiam cada vez mais e resistiam em quilombos, infernizando as autoridades;
- A opinião pública internacional, cada vez mais contrária à escravidão, também pressionava o governo. Assim, a escravidão foi sendo extinta gradativamente por meio de leis.
Conheça cada uma dessas leis:
- Lei do Ventre Livre (1871) – tornava livres todos os filhos de escravos nascidos a partir do início de sua vigência;
- Lei Saraiva-Cotegipe ou Lei dos Sexagenários (1885) – tornava livres os escravos com mais de 60 anos e os obrigava a trabalhar mais 3 anos para os ex-senhores como forma de indenização;
- Lei Áurea (1888) – acabava definitivamente com a escravidão no Brasil.
Mesmo após o fim da escravidão, a vida dos negros continuou sendo difícil (não houve esforço dos governos inicialmente em integrá-los à sociedade).
Muitos fizeram roças de subsistência, outros conseguiram empregos precários nas zonas rurais e outros foram para as cidades, onde formaram uma mão de obra marginalizada que ocupou as periferias.
O crescimento do movimento republicano
- Na década de 1860, dissidentes do Partido Liberal fundam o Partido Liberal Radical, que defendia o fim da escravidão, maior autonomia para as províncias e o fim do Poder Moderador;
- Na década de 1870 o Partido Liberal Radical daria origem ao Partido Republicano;
- O republicanismo e o abolicionismo cresciam fortemente nas grandes cidades, graças
– principalmente – aos jornais que vinculavam suas ideias;
- Os republicanos buscaram o apoio do Exército Brasileiro, que saíra da Guerra do Paraguai fortalecido e, com isso, achava-se no direito de ter maior influência no poder;
- O Exército, na época, estava sofrendo forte influência do Positivismo, uma ideologia de
origem francesa, que acreditava que o progresso da sociedade era atingido por meio da razão e da ciência;
- O lema positivista era “O Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim”,
que mais tarde influenciaria o lema presente na bandeira da república brasileira, “Ordem e Progresso”.
Muitos militares viam, no Positivismo, a justificativa teórica para colocar o Exército em posição de destaque na sociedade brasileira. E, ao mesmo tempo, o Positivismo acreditava que o melhor sistema de governo a ser seguido era uma República forte, centralizada e orientada por princípios racionais. Dessa maneira, o Positivismo acabou por influenciar – e muito – o movimento republicano brasileiro, sobretudo na esfera militar.
Na década de 1880, a antipatia do Exército contra o governo monárquico piorou por conta da chamada Questão Militar (uma sucessão de embates entre membros do Exército e a Monarquia).
Em 1883, um grupo de oficiais atacou o governo por conta de um projeto de revisão da aposentadoria dos militares: em resposta, o governo recuou da proposta, mas proibiu que membros do Exército utilizassem meios de comunicação para atacarem as autoridades do império.
Em resposta a isso, o Tenente-Coronel Sena Madureira publicou um texto no qual saudava um jangadeiro cearense que se recusou a transportar escravos na província do Ceará, e que por isso havia se tornado símbolo da causa abolicionista. O governo notou que aquilo era uma provocação ao sistema escravista do império e transferiu Sena Madureira forçadamente para o Rio Grande do Sul.
Em 1886, o Coronel Cunha Matos fez um texto com inúmeras críticas ao então Ministro da Guerra, e foi punido com uma detenção.
Sena Madureira novamente publicou um artigo falando que estava sofrendo uma perseguição, e o Ministério da Guerra pediu sua punição.
Nesse contexto, um grupo de oficiais de Porto Alegre, autorizados pelo vice-presidente da província, Marechal Deodoro da Fonseca, fez novo protesto contra a lei que proibia o direito de resposta dos militares nos meios de comunicação.
A Questão Militar desgastou enormemente a relação entre o Exército e a Monarquia, que também estava perdendo prestígio com a Igreja, por conta da chamada Questão Religiosa.
Em 1864, o Papa determinou que os católicos envolvidos com a Maçonaria fossem excomungados, porém D. Pedro II, que era maçom, valendo-se do regime do Padroado (que permitia com que ele nomeasse os membros do Clero no Brasil e com que ele aprovasse ou anulasse as bulas papais no país), fez um decreto no qual não reconhecia o valor da ordem vinda de Roma.
Mesmo assim, os Bispos de Olinda e Belém decidiram obedecer à ordem do Papa, e expulsaram os membros das igrejas locais envolvidos com a Maçonaria. Inconformado, D. Pedro II condenou esses bispos à reclusão e à prestação de trabalhos forçados.
Os membros da Igreja, com isso, passaram a atacar o regime imperial, criticando o
autoritarismo de Pedro II.
A decisão foi anulada posteriormente, mas o estrago estava feito: o império perdeu o
apoio incondicional da Igreja Católica brasileira.
A proclamação da República
Entre 1887 e 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca – envolvido na Questão Militar – se reuniu com diversos líderes do movimento republicano: Benjamin Constant, Cunha Matos, Sena Madureira, José Simeão, etc.
Em 1889, assumiu o cargo de presidente do Conselho de Ministros o Visconde de Ouro Preto.
Os militares temiam que o Visconde iria dissolver o Exército e fortalecer a Marinha e a
Guarda Nacional. Diante disso, o Marechal Deodoro foi convencido pelos líderes republicanos a derrubar o regime.
Os militares e republicanos civis arquitetaram um golpe que, de início se daria no dia 20 de novembro de 1889, mas correram boatos de que o plano teria sido descoberto e eles decidiram antecipar a ação.
Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, um grupo de militares do Exército, liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca, derrubou o Visconde de Ouro Preto. Logo em seguida, o grupo proclamou a República no Brasil.
O imperador e sua família reconheceram a derrota e foram embora do Brasil, partindo
para um exílio na Europa.
Dom Pedro II morreria em Paris em 1891.
E ficamos por aqui… Até a próxima!